quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Aumenta número de cidades atingidas por enchentes na Austrália

Bairro inundado pelo rio Fitzroy, em Rockhampton, Australia (AFP)
O rio Fitzroy continua inundando bairros da cidade de Rockhampton
O número de cidades atingidas pelas enchentes no Estado de Queensland, na Austrália, subiu para 40. Mais de 12 mil propriedades foram invadidas pela água, 200 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e 4 mil estão desabrigadas.
As estimativas são de que o prejuízo chegue a 5 bilhões de dólares australianos – quase R$ 8,5 bilhões. A conta não inclui os gastos com a limpeza das cidades e a reconstrução de estradas e ferrovias. De acordo com o serviço de emergência, só este trabalho deve levar pelo menos um ano para ser concluído.
Nesta quarta-feira, a primeira-ministra de Queensland, Anna Blingh, criou uma força tarefa de reconstrução que deve começar a trabalhar imediatamente.
“A situação é de desastre sem precedentes e vai exigir um esforço de reconstrução sem precedentes", justificou a primeira-ministra.
Segundo ela, a força-tarefa, que será baseada em Brisbane, usará o modelo de recuperação utilizado após o ciclone Larry, em 2006.
O grupo começará desenvolvendo um roteiro de recuperação que priorizará a reconstrução de estradas e ferrovias. Blingh diz que será preciso fortalecer as economias regionais e oferecer ajuda e apoio a todas as vítimas das enchentes.
O próximo passo será a reconstrução de casas. Algumas devem ser abandonadas porque estão em zonas propensas a inundações.
As indústrias de mineração e agricultura, que tiveram bilhões em prejuízos, também serão incluídas nesta fase de recuperação.
Nível das águas
Nesta quarta-feira, o nível das águas no rio Fitzroy, que corta a cidade de Rockhamptom, atingiu o seu pico: 9,4 metros acima do nível normal.
Com ajuda de voluntários, o Exército levantou diques para tentar impedir que a água do rio, que subia rapidamente, invadisse lojas e casas que ainda estavam a salvo. Mas os esforços de nada adiantaram.
Na cidade de St. George, no meio-oeste de Queensland, os moradores estão se preparando para enfrentar a elevação das águas do rio Balonne, que deve atingir 14 metros de vazão na próxima segunda-feira. As expectativas são de que 80% da cidade seja invadida pela água.
Em várias cidades, os mercados estão com as prateleiras praticamente vazias. Faltam água potável, legumes, frutas e verduras para vender. Certos alimentos só podem ser comprados congelados. Os postos de gasolina estão sem combustível, porque permanecem isolados.
Lixo levado pelas águas ameaça barreira de corais
O Estado de Queensland produz carne, frutas, legumes e verduras para o restante do país e, com as plantações alagadas, analistas esperam que os preços de alguns produtos subam.
No Mercado Produtor do Estado, vários produtos já estão sendo negociados pelo dobro do preço e 95% das plantações de algodão foram perdidas debaixo d’água.
Segundo os economistas, o impacto das enchentes na economia da Austrália vai ser bem maior do que se pensa. As
minas de carvão estão paralisadas e grande parte da indústria australiana precisa do minério para produzir. A exportação de carvão para a China também está paralisada
Barreira de coral
As ameaças chegam inclusive à barreira de corais de Queensland, um dos principais cartões postais da Austrália. Segundo ecologistas e cientistas, toneladas de lixo e detritos estão sendo trazidas pela correnteza dos rios e sendo jogadas no mar.
De acordo com a pesquisadora da Universidade James Cook, Michelle Devlin, a descarga de dejetos misturados com pesticida na água morna e cristalina vai provocar um impacto de proporções enormes sobre a vida marinha.
A barreira é o maior recife de corais do mundo, com uma extensão de 2,3 mil quilômetros ao longo da costa de Queensland. O ecossistema é composto de 2,9 mil recifes, 600 ilhas continentais e 300 atóis de corais, e abriga milhares de espécie de peixes, moluscos, crustáceos e corais.
A barreira é considerada um santuário ecológico e já está ameaçada pelo aquecimento global.

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